Introdução a Psicologia.

Posted by Aicitel_MCR

No sentido etimológico, a psicologia seria a ciência da alma ou o estudo da alma. Teles (2003) define a psicologia como a ciência que busca compreender o homem e seu comportamento, para facilitar a convivência consigo próprio e com os o outro. “Pretende-se fornecer subsídios para que ele saiba lidar consigo e com as experiências de vida.” (pág. 9). Como destaca Figueiredo (2005) psicologia não existe no singular. O que há são inúmeras maneiras de conceber o campo do “psicológico” e outras tantas maneiras de se inserir nesse campo, intervindo nele, praticando “psicologia”.

Entre as maneiras de pensar o “psicológico” há mesmo quem pretenda descartar-se desta denominação e dar preferência a outros conceitos, como “conduta” ou “comportamento” entre os que se situam no campo do psicológico, há também os que pretendem fazer outra coisa que não “psicologia” como, por exemplo, “psicanálise”.


A psicologia é um conjunto de diversos domínios. Alguns psicólogos realizam pesquisa básica, alguns fazem pesquisa aplicada, e alguns prestam serviços profissionais. “A psicologia se desenvolveu a partir da biologia e da filosofia, com o objetivo de se tornar uma ciência que descreve como pensamos, sentimos e agimos.” (Myers, 1999, pág. 1). Em psicologia não há um acordo na metodologia, e não há uma terminologia comum; existe uma diversidade enorme de orientações teórico-metológicas.



O objeto de estudo da psicologia tem variado ao longo do tempo e sua pré-história confunde-se com a própria historia da filosofia. Antes de 300 a.C., o filósofo grego Aristóteles teorizou sobre temas como aprendizagem e memória, motivação e emoção, percepção e personalidade.

Segundo Campos (1996), a história da ciência psicológica vem mostrando que a atuação do psicólogo jamais é neutra e responde a demandas que se inscrevem em um contexto político, econômico, social e cultural, estando sujeita a suas especificidades.


"O homem é um animal essencialmente diferente de todos os outros. Não apenas porque raciocina, fala, ri, chora, opõe o polegar, cria, faz cultura, tem autoconsciência, e consciência de morte. É também diferente porque o meio social é seu meio específico. Ele deverá conviver com outros homens, numa sociedade que já encontra, ao nascer dotada de uma complexidade de valores, filosofias, religiões, línguas, tecnologias. (Telles, 2003, pág. 19). "

Zanella (1999) demarca que a diversidade e complexidade da atuação do psicólogo (afinal, são tantas as chamadas áreas de atuação: escolar, organizacional, do esporte, clínica, jurídica, comunitária, etc.), tem revelado cada vez mais inadequada a discussão sobre essas áreas de atuação tal qual vinha acontecendo, isto é, como áreas estanques, separadas, com arcabouço técnico e teórico delimitado. A autora defende que o local de atuação é demarcado, mas a atuação profissional deverá ser necessariamente múltipla, posto que, é assim que se caracteriza a realidade.

"Não é o lugar que define a postura de um profissional – embora nem todos pensem assim – é antes a capacidade de refletir criticamente sobre teorias, métodos e práticas, avaliando resultados e pensando a acerca das necessidades do país em que nos encontramos. (Eizirik, 1988, pág. 33)"

Só em uma época muito recente, surgiu o conceito de ciência tal como hoje é de uso corrente, e só a partir da segunda metade do século XIX surgiram homens que pretendiam reservar aos estudos psicológicos um território próprio, cujo êxito se fez notar pelos discípulos e espaços conquistados nas instituições de ensino universitário e de pesquisa. Só então passou a existir a figura do psicólogo e passaram a ser criadas as instituições voltadas para a produção e transmissão de conhecimento psicológico. (Figueiredo e Santi, 2004)

Para Teles (2003) acreditar que a psicologia deva ser ciência nos moldes daquelas que se baseiam principalmente no método experimental, seria empobrecê-la por demais. O ser humano tem reflexos, necessidades, impulsos, mas não instintos. A aprendizagem, que significa mudança de comportamento como resultado da experiência, será básica em todo o processo humano de ajustamento. “Ajustar-se significa aprender formas de comportamento que permitam ao indivíduo adaptar-se às exigências internas e externas que lhe são impostas.” (Telles, 2003, pág. 22)

Todos os grandes sistemas filosóficos desde a Antiguidade incluíam noções e conceitos relacionados ao que hoje faz parte do domínio da psicologia científica, como o comportamento, o espírito ou a alma do homem. Na Idade Moderna, físicos, anatomistas, médicos e fisiólogos trataram de diversos aspectos do comportamento involuntário e mesmo de comportamentos voluntários do homem. No século XIX começou a se constituir as ciências da sociedade, como a Economia, a Política, a História, a Antropologia, a Sociologia e a Lingüística. Essas ciências tratavam das ações humanas e de suas obras. Quando Gomide (1984) analisa a formação acadêmica em psicologia e suas deficiências, conclui que"não estamos formando profissionais capazes de construir a psicologia, mas apenas de repeti-la pois o estudante apenas aprende técnicas e busca o cliente para aplicá-las" (p. 74).

A reversão desse quadro requer que se eleja como princípio da formação profissional não só ensinar as técnicas, mas também discutir, criticar e analisar o porquê de elas se desenvolverem, em que época surgiram, para que propósitos serviram ou servem, ou seja, buscar retomar com o aluno o processo de desenvolvimento histórico da ciência com a qual vai trabalhar. A história como forma de apropriação do senso crítico.

A profissão de psicólogo esteve inicialmente ligada aos problemas de educação e trabalho. O psicólogo “aplicava testes”: para selecionar o “funcionário certo” para o “lugar certo”, para classificar o escolar em uma turma que lhe fosse adequada, para treinar o operário, para programar a aprendizagem, etc. Todas essas funções ainda são importantes na definição da identidade profissional do psicólogo; mas hoje, quando se fala em psicólogo, o leigo logo pensa no psicólogo clínico, e quem se decide a estudar psicologia quase sempre é com a intenção de se tornar um clínico. Embora durante muitos anos essa especialização nem existisse legalmente, atualmente é a principal identidade do psicólogo aplicado. (Figueiredo e Santi, 2004)

É cada vez mais freqüente que as teorias psicológicas se popularizem e sejam assimiladas pelo linguajar popular e que cada vez mais pensem a cerca de si e dos outros com termos emprestados das escolas psicológicas. E a psicologia popularizada, segundo Figueiredo e Santi (2004) tem servido para sustentar a palavra de ordem ‘cada um na sua, pensando os seus problemas e defendendo os seus interesses e a sua felicidade.’

Ao serem incorporadas à vida cotidiana de algumas camadas da população, “as psicologias” convertem-se quase sempre numa visão de mundo altamente subjetivista e individualista. Com isso, queremos dizer que mesmo as teorias psicológicas que não se restringem à experiência imediata da subjetividade individualizada, como a psicanálise, ao serem assimiladas pela sociedade, têm se tornado uma forma de manter a ilusão da liberdade e da singularidade de cada um, em vez de compreender e explicar o que há de ilusório nessas idéias. É assim que a psicologização da vida quotidiana tem nos levado a pensar o mundo social e a nós mesmos a partir de uma visão bem pouco crítica. (...) Certamente a tendência que tem mais crescido e aumentado seu mercado recentemente é a das “terapias de auto ajuda“. Numa mistura de concepções do senso comum ou baseadas em teorias psicológicas, em pressupostos humanistas sobre a liberdade do homem e num estilo de administração empresarial nitidamente comportamentalista, esse discurso (que soa como o de um pastor protestante americano, e isto é mais do que uma coincidência) prega um paradoxal reforçamento do “eu” com sua submissão a um conjunto de regras de gerenciamento da própria vida. (Figueiredo e Santi, 2004, pág. 87-88).

A psicologia não é apenas a ciência do bem-estar, tendo como ponto de referência uma sociedade bem comportada. Se a psicologia usa como parâmetros de normalidade e de ajustamento os valores da classe dominante, então ela é, também, um veículo ideológico.

Mais informãções:
http://www.psicologado.com/site/psicologia-geral/introducao/introducao-a-psicologia

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